sábado, 16 de abril de 2011

Dilma foi à China ver de perto modelo chinês de conduzir o empresariado, diz “Financial Times

VEJA

Coluna do Ricardo Setti

Dilma foi à China ver de perto modelo chinês de conduzir o empresariado, diz “Financial Times”. 

O caso Vale faz temer que sim


Em Pequim, Dilma é recebida pelo ministro das Relações Exteriores da China, Yang Jiechi, e uma guarda de honra (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Recebida com as devidas mesuras por uma guarda de honra e pelo chanceler Yang Jiechi (veja vídeo abaixo), a presidente Dilma chegou hoje para uma visita oficial ao maior parceiro comercial do Brasil no mundo, a China. É sua terceira viagem oficial desde que assumiu o poder – a primeira, cheia de simbologia e com um pacote de acordos firmados, foi com nosso grande vizinho e relutante parceiro do sul, a Argentina, e a segunda, a Portugal, para um oba-oba em torno do ex-presidente Lula.
O objetivo oficial da ida à China é “o estreitamento dos laços econômicos” com a segunda maior economia do planeta, tarefa que começa a ser desenhada amanhã, com a participação da presidente num fórum de empresários e que continua no encontro com o presidente chinês, Hu Jintao. Dilma regressa ao Brasil somente no sábado, e deve trazer na bagagem um rol de acordos comerciais.
Até aí tudo bem, tudo ótimo. O que me preocupa é a possibilidade, que o caso da interferência do governo na gestão da Vale torna bem concreta, de o muito bem informado jornal britânico Financial Times ter razão em reportagem que publicou hoje, com chamada na home page, sob o título “O Brasil mira a China em matéria de política industrial”.
Observar de perto a política industrial “estatista”
“Quando Dilma Rousseff, a presidente do Brasil, começar sua primeira visita à China na terça-feira”, diz o jornal, “ela estará ansiosa para observar pessoalmente a bem sucedida política industrial ‘estatista’ da locomotiva econômica da Ásia – uma abordagem para a qual seu governo está cada vfgez mais apontando dentro de casa ”.
O ponto de vista do jornal é confirmado por um executivo do grande conglomerado industrial e financeiro japonês Nomura, Tony Volpon. “Grande parte do modelo que eles [o governo Dilma] têm em mente é a China, é a forma como os chineses direta ou indiretamente direcionam o setor privado para cumprir objetivos econômicos maiores”.
Uma “estatização” de objetivos?
Quer dizer, um governo que não tem dinheiro para fazer o que é preciso no país o faria por meio da iniciativa privada – mas, de certa forma, “estatizando” objetivos de grandes empresas, com os poderes de regulação e outros que têm. Pois o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, não deitou falação no sentido de que a Vale “precisa contribuir mais com os interesses do país”? “Interesses do país”, lembremo-nos, no dizer de Lobão, são os interesses específicos do governo a que ele serve.
Claro que há imensas, descomunais diferenças entre o Brasil e a China, que é governada por uma rígida ditadura, que controla todos os setores da vida nacional. Aqui as coisas são diferentes, mas o Estado pode muito na área econômicaa, detém um enorme poder de pressão e de retaliação.
A Vale, repito, não foi um bom sinal. O governo fazer e acontecer numa empresa privada para substituir seu presidente, com base no fato de discordar da estratégia global da empresa, é um precedente grave.
Tomara que o jornal de negócios britânicos esteja errado – mas não sei, não…
Abaixo, o vídeo da chegada da presidente da República a Pequim: